Alberto Teixeira
01/02/2022 – 07:15
Banco público acaba de ter autorização do BCE para amortizar títulos de dívida perpétua emitidos na recapitalização de 2017 e pelos quais pagava mais de 10%. Já custou 270 milhões em juros à Caixa.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai avançar em março com a recompra de 500 milhões de euros em títulos de dívida perpétuos emitidos em 2017, no âmbito do processo de recapitalização, e pelos quais já pagou 268,75 milhões só em juros em apenas cinco anos. A informação foi comunicada à CMVM.
Segundo nota do banco, a instituição pública liderada por Paulo Macedo acabou de ter luz verde do Banco Central Europeu (BCE) para adquirir os títulos da emissão de fundos próprios adicionais de nível 1 (AT1), numa operação que deverá permitir poupanças anuais em juros.
A aprovação do reembolso antecipado destes títulos de dívida no dia 30 de março resulta da avaliação positiva feita pelo BCE à solidez financeira da CGD, após conclusão com sucesso do plano de reestruturação. A taxa de juro de 10,75% associada a estes títulos de dívida correspondeu a um custo anual de 53,75 milhões de euros para a CGD o que representou, no conjunto dos cinco anos, um total de 268,75 milhões de euros, segundo contas do banco.
Com a amortização desta emissão, que foi uma condição prevista no acordo entre Portugal e Comissão Europeia para recapitalizar a Caixa em 4,9 mil milhões, os rácios de capital permanecerão em 18,2% (CET1) e 20,82% (capital total), bem acima dos requisitos de 13,5%.
A recompra da dívida AT1 era um dos objetivos que Paulo Macedo tinha para este ano e o próximo. O líder da Caixa considera que a autorização do BCE é sinal do “sucesso” alcançado pela instituição “na implementação de um exigente plano de reestruturação e só foi possível pela capacidade de geração de capital orgânico e pela rentabilidade”.
“Só uma Caixa sustentável e com uma rentabilidade reconhecida pelo mercado evitará voltar a incorrer em custos desta magnitude”, acrescenta Paulo Macedo, frisando que a CGD continuará bem capitalizada e pronta para “prosseguir a missão de devolver a ajuda dos portugueses” há cinco anos através das “poupanças significativas com juros” que a operação vai permitir.
Depois dos dividendos de 200 milhões em 2019 e dos 383,6 milhões pagos ao Estado no ano passado, a Caixa salienta que, com esta recompra de dívida AT1, já devolverá mais de 1.000 milhões de euros do montante da recapitalização de 2017.
Paulo Macedo quer devolver o dobro até 2023, 2.000 milhões, como já referiu: ou seja, tenciona distribuir mais dividendos ao acionista público e recomprar outra emissão de dívida AT2, no valor de 300 milhões, também realizada no mesmo processo.
Este é o primeiro grande marco do novo mandato de Macedo, que acabou de iniciar. A Caixa prepara-se para apresentar os resultados do ano passado, sendo que, até setembro, o lucro subia 9% para 429 milhões de euros.