Terça-feira, 15 de Outubro, 2024

NOtÍCIAS DE IMPRENSA

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Fotografia: Divulgação

Carta Aberta: Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD – STEC
O MINHO

Publicação paga por STEC

 

 

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CARTA ABERTA
À Administração da CGD
Ao Ministro das Finanças
Ao Primeiro-Ministro

 

 

Quando falamos da Caixa Geral de Depósitos, falamos do nosso Banco Público, que presta um serviço ao País e à população há mais de 147 anos. É quase século e meio de conhecimento acumulado e uma imagem de experiência, rigor e trabalho.

 

Lamentavelmente, após a entrada neste século, por opção de alguns Governos e Administrações, a nossa Caixa tem servido para tudo e mais alguma coisa. Desde os milhares de milhões usados para salvar bancos, até outros tantos perdidos no apoio a negócios ruinosos, a Caixa foi “sugada” por gente sem escrúpulos, que usou e abusou do dinheiro de todos nós, em esquemas duvidosos e danosos, até hoje nunca devidamente esclarecidos e sem que os responsáveis fossem punidos.

 

Mais recentemente, esta Administração, mesmo depois de findo o plano de recapitalização, prosseguiu uma política de redução do quadro de pessoal e encerramento de agências, provocando uma degradação crescente da qualidade do serviço prestado aos clientes, conduzindo ao afastamento de muitos, com efeitos extremamente negativos na imagem da Caixa, nas condições laborais e na motivação dos seus trabalhadores.

 

Insensíveis às tomadas de posição de autarquias e grupos de cidadãos, pela perda de acesso a serviços bancários básicos, as sucessivas Administrações, “sob o chapéu da tutela”, encerraram, desde 2012, mais de 300 balcões e dispensaram mais de 3500 trabalhadores.

 

É por isso que hoje temos agências quase sem trabalhadores, a encerrar a tesouraria às 12h30 e outras a ficarem completamente assoberbadas de clientes. Com sistema de senhas ou sem ele, não dá para esconder as filas de espera intermináveis e o sofrimento de quem se vê impotente para lhes pôr fim! E aqui, são os mais desprotegidos, os mais velhos, os que não têm condições de acesso aos meios digitais, que se deparam com a falta de resposta e mais sofrem para conseguir uns minutos de atenção. O negócio tornou-se senhor absoluto, quem não o alimenta não interessa como cliente e é, escandalosamente, empurrado para a porta da rua.

 

É por isso, também, que hoje, nos serviços centrais, é gritante a falta de trabalhadores, sendo cada vez mais notória e forte a presença do Outsourcing, o que faz da CGD, o único banco público, um promotor de trabalho precário!

 

A situação está de tal forma a degradar-se que já não dá para “tapar o sol com a peneira”! Os que fazem de conta que está tudo bem, inebriados na espuma dos lucros exorbitantes, não apagam o sentimento crescente de insatisfação e revolta de grande parte da população, que percebe e afirma que esta já não é a sua Caixa. Atente-se ao estudo da DECO sobre os índices de satisfação dos clientes da banca, onde a CGD figura num significativo último lugar.

 

Não é possível continuar a esconder a situação que é vivida pelos trabalhadores, todos os dias, de forma dramática, que lutam, até à exaustão, muitas vezes sem recursos, para apagar os “fogos” de todos os dias, tentando assegurar a qualidade dos serviços prestados. É-lhes difícil, muito difícil, aguentar a pressão, consumidos entre as exigências de objetivos irrealistas, que funcionam como “cenoura” para um eventual prémio, promoção ou progressão de carreira, e a vontade de prestar um serviço humanizado a uma legião de clientes, que espera e desespera por um atendimento digno.

 

Não podemos admitir que não se apercebam: do drama que é lutar todos os dias com um sistema informático que teima em não responder; que a digitalização não retirou nenhuma carga administrativa aos balcões; que trabalhamos horas e horas a mais, sem receber a devida retribuição e que isso é uma ilegalidade grosseira, agravada pelo facto de ocorrer na maior, mais lucrativa e mais importante empresa pública nacional.

 

Não é sequer possível acreditar que não saibam que na Caixa há cada vez mais trabalhadores exaustos, doentes e a sofrer de burnout, que muitas vezes vêm trabalhar para não serem penalizados, sem tempo para a família e para eles próprios, para quem é cada vez mais difícil exercer elementares direitos de cidadania, sem ter de lidar com o “cancro” do assédio moral, das ameaças diretas e veladas, das pressões e do medo.

 

O STEC tem vindo a denunciar estas situações e, até ao momento, é gritante a falta de respostas e a enorme insensibilidade da Administração a todos estes problemas, bem como as desculpas “esfarrapadas” dos responsáveis do Governo, único acionista, que dizem não se querer meter na gestão da Caixa e fazem de conta que está tudo bem, talvez porque o que lhes importa é apenas que os dividendos sejam cada vez maiores.

 

Cabe-nos, então, perguntar: onde param as promessas de justiça social, igualdade de tratamento, salários justos, proteção à família e à parentalidade, dignidade no trabalho, combate às injustiças sociais, quando a vossa prática, na CGD, aponta no sentido contrário?

 

A Caixa, como toda a banca, tem vindo a apresentar os maiores lucros de sempre. No exercício de 2022 e nos primeiros seis meses de 2023 acumulou um lucro da ordem de 1,5 mil milhões de euros! E qual é a compensação e o estímulo para os principais obreiros destes resultados, para aquelas e aqueles que lutam no seu local de trabalho e fazem o possível e o impossível para um desempenho digno, sem o reconhecimento do seu esforço?

 

Com uma carreira que, de forma imoral e discricionária, continua congelada em 4 anos e aumentos salariais continuadamente abaixo dos valores da inflação, como é que acham que os trabalhadores da Caixa se sentem, perante a atitude inqualificável da Administração de nem sequer querer aplicar a atualização intercalar de 1% aos salários e pensões, recomendada pelo Governo às empresas públicas?

 

Num momento em que as taxas de juro dispararam e as famílias passam por graves dificuldades, não deveria a CGD, como banco público, fazer a diferença, apostando no melhoramento do serviço de proximidade, humanizando a relação com os clientes, criando condições apelativas aos depósitos, ao investimento e ao crédito?

 

Não deveria valorizar os seus trabalhadores, com uma aposta na melhoria das condições de trabalho e aumentar o quadro de pessoal, para responder às reais necessidades dos clientes, evitando, assim, horas e horas de trabalho suplementar não remunerado?

 

Não deveria aumentar os salários, recuperando o poder de compra perdido a quem todos os dias se esforça, dando o seu melhor, para que estes vultuosos lucros sejam alcançados?

 

Os trabalhadores e os clientes da Caixa merecem ser tratados com dignidade. A Caixa é um Banco Público! Por isso, todos temos o direito de exigir da Administração e do Governo uma atitude diferente, que tenha em conta não só os resultados do exercício, mas um tratamento digno a que todos têm direito!

 

Exigimos uma Caixa Geral de Depósitos Pública, com um serviço de qualidade e um atendimento digno à população, ao serviço da economia nacional e dos portugueses!

 

Exigimos condições dignas de trabalho!

 

Sem vacilar, e porque é justo, lutaremos firmemente, com os trabalhadores, por estas reivindicações!

 

 

A Direção do STEC

 

 

 

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