João Ruas Marques
15 de Abril de 2021 às 13:12
Este é um dos efeitos da pandemia descrito pela OCDE, que dá conta de um decréscimo na taxa de emprego em todos os grupos etários, menos na população entre os 55 e 64 anos, que cresceu 1,4 pontos percentuais face a níveis pré-pandémicos.
Na Zona Euro, a taxa de emprego aumentou 0,5 pontos percentuais no último trimestre de 2020, para os 67,3% (ainda abaixo dos 70% do primeiro trimestre). A generalidade das faixas etátias ainda não recuperou do choque pandémico, mas os mais velhos são uma exceção. Em Portugal, a percentagem de empregados com idades entre os 55 e os 64 anos aumentou no último trimestre de 2020 1,4 pontos percentuais (p.p) face ao último trimestre de 2019.
A população na reta final da carreira (entre os 55 e os 64 anos de idade) foi a única que viu a empregabilidade subir durante o período de pandemia – dos 60,7% no último trimestre de 2019, para os 62,4 nos últimos três meses de 2020.
Ainda assim, a subida não foi linear. No segundo trimestre de 2020 a OCDE aponta para uma taxa de emprego 1,4 p.p abaixo dos níveis do final de 2019. E esta tendência é semelhante na maioria dos países europeus analisados. O Luxemburgo, por exemplo, apresentava no final de 2019 uma taxa de emprego nesta faixa da população na ordem dos 43,9%. Este valor caiu no seguindo trimestre de 2019, para os 43,3%, mas subiu 0,8 p.p no terceiro trimestre, para os 44,2%, e mais 0,4 p. p para os 44,6% no final de 2020.
À primeira vista, a matemática deixa duas explicações possíveis: ou há, de facto, mais empregos disponíveis para estas pessoas, ou há cada vez menos gente entre os 55 e os 64, já que os dados recolhidos pela OCDE contemplam o total da população, e não apenas a população ativa. Face a isto é impossível excluir um eventual impacto da mortalidade, já que, da população em idade ativa este é o grupo mais vulnerável à covid-19.
Por faixas etárias, os mais afetados são claramente os mais jovens, com idades entre os 15 e os 24 anos de idade, que em Portugal registavam antes da pandemia uma taxa de empregabilidade de 27,8%. Nos últimos três meses de 2020 esse valor fixou-se nos 22,4%, tendo atingido o seu valor mais baixo no terceiro trimestre do mesmo ano (21,2%). Aqui, os dados da OCDE são correspondentes com as informações avançadas pelo INE, que apontam a precariedade e falta de contratos de emprego como a principal razão para o declínio da empregabilidade dos mais jovens.
Os trabalhadores em idade de pico de carreira (entre os 25 e 54) foram também alvo de cortes na oferta de emprego em Portugal. No último trimestre do ano que passou, a OCDE conclui que estavam empregados cerca de 84,8% dos adultos, mais 1,1 p.p do que no trimestre anterior, mas menos 0,6 p.p do que no período homólogo, antes da pandemia, em que se registava uma taxa de emprego de 85,4%.
Emprego cresce mais em Portugal
Portugal foi um dos países que registou uma maior subida da taxa de empregabilidade (67,3% no último trimestre de 2020) e mantém-se 6,7 p.p acima do valor da zona euro, que é de 60,4% para os últimos três meses de 2020.
Em termos gerais, a empregabilidade cresceu apenas um ponto percentual face aos valores do trimestre anterior mas permanece, ainda assim, 1,1 p.p aquém dos níveis pré-pandémicos (70.6% no período homólogo). A par de Portugal, a OCDE destaca a evolução positiva de países como o Luxemburgo e a Estónia.
A subida do emprego em Portugal parece ser mais favorável aos homens, que viram a empregabilidade aumentar 1,4 p.p face ao terceiro trimestre de 2020 (70,5%) para os 71,9%, mas que permanece ainda longe dos valores apresentados no mesmo trimestre do ano anterior (73,5%) e mesmo no primeiro trimestre de 2020, quando eram já visíveis os primeiros efeitos da pandemia no emprego (73,3%).
Já no caso das mulheres, o emprego tem-se movido mais devagar e abrangia nos últimos três meses de 2020 67,2% da população em idade ativa, mais 0,6 p.p do que nos três meses anteriores e quase a níveis do início do ano (67,4%), mais ainda 0,7 p.p atrás do valor do período homólogo.