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Lucros da CGD deverão ter caído para entre 450 milhões e 500 milhões em 2020
JORNAL ECONÓMICO
Lígia Simões
11 Fevereiro 2021, 07:50
 
 
A Caixa Geral de Depósitos deverá ter registado no exercício de 2020 uma diminuição do lucro líquido da ordem dos 40%, essencialmente explicada pela constituição preventiva de imparidades e provisões por antecipação dos efeitos da pandemia Covid-19. Recomendação do BCE pode levar Estado, único acionista do banco, a voltar a não encaixar dividendos.

 

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) deverá ter fechado o exercício de 2020 com um lucro líquido superior a 450 milhões de euros, representando uma diminuição da ordem dos 40% essencialmente explicada pela constituição preventiva de imparidades e provisões por antecipação dos efeitos da pandemia Covid-19, apurou o Jornal Económico. O Estado, único acionista do banco, pode voltar a não encaixar dividendos.
 
O resultado líquido consolidado da Caixa referente ao ano passado, que será apresentado nesta quinta-feira, 11 de fevereiro, compara com um lucro líquido de 776 milhões de euros em 2019, o que correspondeu a um aumento de 56,5% face ao ano anterior, suportado na melhoria dos resultados em Portugal e na atividade internacional e na venda de subsidiárias no exterior.
 
No final de janeiro do ano passado, Paulo Macedo, que completou na altura três anos na liderança da Caixa, anunciou o melhor resultado da CGD desde 2007.
 
A dar força aos lucros da CGD estiveram vários fatores extraordinários, como a venda do banco espanhol Banco Caixa Geral em Espanha (384 milhões ao Abanca) e do sul-africano Banco Mercantile (por 215 milhões ao Capitec).
 
A Caixa tem vindo a implementar um Plano Estratégico, acordo entre o Estado e Bruxelas, no âmbito da recapitalização do banco. O Plano prevê um corte nos custos e a venda de unidades no exterior. Em 2019, o banco concluiu a alienação do Banco Caixa Geral, em Espanha, e do Mercantile Bank Holdings Limited, na África do Sul.
 
Em termos de lucro líquido corrente do grupo em 2019, cresceu 27% para 632 milhões de euros, tendo o resultado extraordinário se fixado em 144 milhões de euros.
 
 
Reforço de provisões condiciona lucros
 
Os primeiros nove meses deixam antecipar uma quebra nos resultados após os lucros da CGD terem caído 39% nos primeiros nove meses do ano, para 392 milhões de euros. O resultado, indicou o banco público, foi condicionado pela “constituição preventiva de imparidades e provisões por antecipação dos efeitos da pandemia Covid-19” no valor de 220 milhões de euros. Montante que deverá ser mais elevado no final do exercício de 2020, atingindo a fasquia dos 300 milhões.
 
Até ao final de setembro, a Caixa tinha cerca de 49,6 mil clientes com moratórias. “As moratórias de particulares em crédito a habitação e consumo ascendem a 3,95 mil milhões de euros”, detalhou, em novembro do ano passado, o presidente-executivo da Caixa, Paulo Macedo, na sessão de apresentação dos resultados até ao final do terceiro trimestre.
 
A Caixa Geral de Depósitos reduziu ainda 337 trabalhadores entre janeiro e setembro deste ano, em Portugal. No final de setembro, a CGD tinha 6.763 trabalhadores na atividade doméstica, menos 337 do que os existentes no final de 2019 (7.100).
 
Já comparando com setembro de 2019, a redução de trabalhadores no espaço de um ano é ainda mais substancial: 658 trabalhadores.
 
 
OE21 prevê 160 milhões de dividendos, mas podem não ser entregues
 
O Orçamento do Estado para 2021 (OE21) prevê a entrega de dividendos de 159,6 milhões de euros pela CGD. Mas resta saber se o banco público vai seguir novamente a recomendação do Banco Central Europeu (BCE) que pediu aos bancos para não entregarem dividendos aos acionistas até janeiro de 2021, devido à crise desencadeada pela covid-19.
 
Em novembro do ano passado, na apresentação das contas dos primeiros nove meses do ano, questionado sobre a Caixa prevê mesmo distribuir ao Estado 160 milhões de euros em dividendos – tal como está previsto na proposta do OE para 2021 – Paulo Macedo disse que o banco público entende que os deve pagar, mas que cumprirá a recomendação do BCE sobre essa matéria – que tem sido a de recomendar aos bancos que não o façam.
 
No ano passado, o Governo esperava receber 237 milhões de euros da CGD, mas o banco acabou por não distribuir dividendos ao Estado, seguindo a recomendação do BCE.
 

Em 2019, relativamente a 2018, a CGD tinha entregado 200 milhões de euros (na primeira vez que o banco público pagou dividendos desde 2010).

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