Quinta-feira, 7 de Novembro, 2024

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Fotografia: Fernando Veludo / nfactos

Macedo: as comissões que não aumentam, a rentabilidade que atrapalha, o apoio urgente a empresas no fim das moratórias e um olho no NB

27 Junho 2021 14:41
Isabel Vicente

 

 

Em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, o presidente da Caixa Geral de Depósitos passou em revista vários temas. Garante que as comissões não vão aumentar em 2021. Também insiste na ideia que as empresas viáveis que não consigam gerar receitas têm de ter apoios para evitar falências e o aumento do desemprego antes do fim das moratórias.

 

“Não haverá mais nenhum aumento de comissões na Caixa. Continuará a ser, como até agora o banco com as comissões mais baixas” é uma das respostas que Paulo Macedo, presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) dá na entrevista à Antena 1 e Jornal de Negócios. Isto apesar de também dizer que são também “as comissões que remuneram os trabalhadores dos bancos”.

 

Para Macedo, são vários os fatores que contribuem para um dos “calcanhares de Aquiles” da banca: a fraca rentabilidade que decorre de muitas variáveis como a manutenção das taxas de juro baixas ou mesmo negativas; a maior dificuldade no aumento das comissões; e o facto de haver menos negócio, o que dá origem “a uma quebra de receitas por via de menos transações”.

 

O presidente executivo do banco público queixa-se – como aliás todos os outros líderes da banca em Portugal – de que “a rentabilidade continua muito baixa”. E perante as dificuldades e a pandemia que, de certa forma, veio baralhar as contas à banca, continua a dizer que a Caixa vai continuar a crescer e a ter um “papel relevante” no mercado. Para gerir a perda de receitas, “a solução passa por reduzir custos” em todas as vertentes. Custos internos relacionados com viagens, pessoal, rendas, depósitos, entre outros.

 

Por outro lado, Macedo assegura também que o capital na atividade bancária “é escasso, tem de ser bem gerido e já percebemos que no caso da banca pode ser delapidado rapidamente”. Quer devolver aos contribuintes o dinheiro que o Estado meteu na CGD em 2017, mas a pandemia, diz, também veio atrasar este processo. “A CGD já devolveu 280 milhões de euros, este ano quer distribuir mais 300 milhões (face a 2020) mas só o pode fazer quando acabarem as restrições” impostas pelo supervisor europeu na distribuição de dividendos dos bancos para acautelar problemas com a pandemia.

 

 

Empresas viáveis precisam de apoios

 

Paulo Macedo sublinha ainda na entrevista à Antena 1 e Jornal de Negócios que considera positivo o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) mas “gostava de ter visto alternativas face aos investimentos e ao retorno das diferentes alternativas”, embora confesse que agora o que importa mesmo “é executar o plano”. A CGD terá, prossegue, “o seu papel complementar, financiamento a entidades privadas, prestação de garantias e acompanhamento”. A banca vai poder ajudar, porque como afirma “é bom para a banca porque é bom para as empresas”.

 

Quanto à problemática das moratórias tem uma visão muita clara: a materialização dos planos que estão a ser estudados entre a banca e o governo para apoiar as empresas mais afetadas pela pandemia que não conseguiam recuperar as receitas para fazer face ao serviço de da dívida.

 

“Há um plano, uma intenção, que precisa de materializar-se precisamente para essas empresas serem apoiadas e poderem ter o fim das moratórias de uma forma que lhes permita continuar a atividade”.

 

“Se as empresas forem apoiadas, podem retomar a sua atividade”, e isso quer dizer que o risco de aumento do desemprego e a destruição de um conjunto de negócios e aumento das falências será evitado. Se as empresas foram apoiadas e resistirem, “a generalidade das pessoas vai continuar a poder pagar o crédito à habitação”. “Só há um problema na banca se houver um problema nas empresas”, sublinha o líder da Caixa que vai fazer o seu segundo mandato.

 

Concluindo, só se os apoios que estão a ser estudados não chegarem antes do fim das moratórias que acabam em setembro é que haverá problemas. “Esse tipo de setor (que pode não conseguir gerar e recuperar receitas, sobretudo empresas associados ao turismo) tem de ser apoiado quando terminarem as moratórias, porque senão aí aumentará o desemprego, as falências e haverá, a destruição de um conjunto grande de empresas”, alerta Macedo.

 

 

Caixa atenta a compras

 

Não é a primeira vez que Paulo Macedo o diz, mas na entrevista volta a colocar o tema em cima da mesa, quando questionado sobre se a CGD poderá fazer aquisições. “Se a Caixa não participar em nenhumas aquisições vai perder liderança, porque os outros (bancos) o vão fazer”, afirma Macedo. E justifica o argumento do olhar atento para movimentos de consolidação: “É importante para o país ter uma instituição relevante, ser líder não é uma obsessão”. Assim, a Caixa “estará atenta a venda de carteiras de crédito que possa comprar ou a operações que estejam à venda”, mas focadas no mercado nacional.

 

E mantém uma resposta vaga quando questionado sobre um eventual interesse em comprar o Novo Banco, concretizando que “a Caixa veria com interesse uma carteira de crédito, ou uma área de pequenas e médias empresas (PME) onde queremos continuar a crescer”. Sobre o Novo Banco e os custos que os bancos têm só para manter a porta aberta, Paulo Macedo afirma que “é um esforço estar a pagar a fatura para o Novo Banco. “É um custo fixo – 42 milhões de euros em média ao longo dos anos”, defendendo que devia haver outras entidades a contribuir para o Fundo de Resolução.

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