José Varela Rodrigues
22 Fevereiro 2021, 10:35
Numa análise à liderança de 53 bancos europeus, entre 2014 e 2019, a DBRS verificou melhorias na diversidade de género, mas as mulheres continuam “significativamente subrepresentadas”. Representam menos de um terço dos membros das lideranças dos bancos. A este ritmo a paridade só é atingida em 2030, diz a DBRS.
Portugal está na cauda da Europa no que respeita à diversidade de género nas administrações das instituições bancárias, concluiu um estudo da agência de notação financeira DBRS. Numa análise a 53 bancos europeus, entre 2014 e 2019, Portugal surge como o país que menos mulheres tem nas administrações dos bancos. Isto, numa Europa onde menos de um terço dos administradores ou líderes executivos dos bancos são mulheres.
O caso de Portugal é o que apresenta maior desequilíbrio. “Portugal está significativamente atrás da média”, lê-se na análise da agência. Em 2014, a média de mulheres nas lideranças dos bancos europeus ascendia a 22%, quando em 2019 essa média era de apenas 32%. Ora, em Portugal só 19% dos membros das administrações dos bancos são do género feminino. No extremo oposto da análise encontram-se os casos da Noruega e da Suécia.
Ou seja, a nível europeu, apesar das melhorias registadas, as mulheres continuam “significativamente subrepresentadas” nas direções dos bancos europeus. “Apesar de mudanças recentes, as mulheres ainda representam menos de um terço dos membros dos conselhos de administração dos bancos europeus”, diz a DBRS. A agência de notação financeira do Canadá estima que a este ritmo “a paridade nas direções seria alcançada por volta de 2030”.
Das 53 lideranças de bancos analisados, apenas seis têm uma presidente executiva e só em três é que a liderança do conselho de administração está nas mãos de uma mulher. Estes casos foram detados na Noruega, na Suécia, no Reino Unido, em Espanha e em Itália.
A DBRS nota que “a diversidade de gênero tornou-se numa questão cada vez mais importante para o sector bancário”. Nesse sentido, uma das formas encontradas pelos países europeus para valorizar o papel feminino nas administrações dos bancos é a través da criação de quotas de género, por via legislativa. “Dos cinco países com maior diversidade de género na análise, dois impuseram quotas de género”, indica a agência sem identificar esses países.
Mas a chave poderá ser uma questão de cultura organizacional, evidencia a análise da DBRS. Isto porque países como a Finlândia e a Dinamarca, que estão acima da média, não impõem quotas de género nas administrações do sector bancário. “Em alternativa, a Finlândia financia programas cujos objetivos são o desenvolvimento das competências das mulheres, enquanto a Dinamarca exige que suas maiores empresas do país mantenham políticas de promoção da diversidade de género ao mais alto nível executivo”.