Maria Teixeira Alves
15 Fevereiro 2021, 18:10
O STEC, a organização sindical mais representativa dos trabalhadores da CGD, diz em comunicado que tem enviado sucessivas denuncias à administração do banco. A CGD estranha o comunicado do sindicato e responde com detalhes do Plano de Contingência para enfrentar a pandemia.
O Sindicato dos Trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) enviou um comunicado para as redações que já estava publicado no seu sita há alguns dias, a acusar o banco de não cumprir as regras de cumprimento efetivo das regras de combate à pandemia, emanadas da DGS e do Governo. E cita exemplos dizendo que “se exerce pressão sobre os trabalhadores, incentivando o contacto com os clientes para a subscrição de produtos bancários que depois obrigam à sua presença física… desrespeitando com isso as regras que mandam as pessoas ficar em casa e só saírem por motivos imprescindíveis”. Segundo o STEC acusa o banco de “não cumprir as medidas de mitigação e prevenção do risco de contágio, determinadas para os trabalhadores das Agências da CGD, anunciando-as… mas permitindo a discriminação e a arbitrariedade quanto à sua aplicação” e de “permitir aglomerações de clientes nos espaços públicos circundantes das Agências, com o inevitável perigo de contágio daí resultante… apesar de se emitirem alertas que, teoricamente, o impedem”.
“Toleram-se comportamentos negligentes e/ou displicentes de chefias e da CGD, que desvalorizam casos em que os trabalhadores assumiram contacto com potenciais portadores do vírus COVID 19, não cumprindo depois com rigor os procedimentos instituídos e havendo mesmo situações em que não terão sido transmitidas de imediato à DGS as informações exigíveis”, acusa ainda a organização sindical.
O banco responde indignado com as acusações do sindicato e invoca a implementação de Plano de Contingência – Coronavírus (Covid-19). “Desde o início da pandemia foi criada uma equipa multidisciplinar que abrangeu as várias áreas do Banco com o objetivo de salvaguardar a saúde dos colaboradores e clientes da CGD, minimizar os riscos de contágio e salvaguardar a manutenção da operativa para podermos manter a prestação dos serviços aos nossos clientes”.
“As medidas e regras a aplicar são definidas pela Comissão Executiva, no seio da equipa especificamente constituída para acompanhar a pandemia no Grupo CGD e enviadas aos órgãos diretivos de cada uma das Direções da CGD, para que haja uma aplicação o mais uniforme possível daquelas medidas e regras, diminuindo a discricionariedade de cada Direção”, explica a instituição.
A CGD descreve o plano de comunicação interna com “conteúdos específicos e destacados sobre as medidas de prevenção e mitigação no portal SomosCaixa, mensagens infográficas e multimédia diversas, comunicações por mail e mensagens em vídeo de membros da Comissão Executiva e da Medicina do Trabalho”. Para além de disponibilizar aos colaboradores, “equipamentos de proteção individual (máscaras, luvas, soluções alcoólicas para desinfeção das mãos e desinfetantes de superfície) que são repostos continuamente, e utilização de proteções de acrílico nos postos de atendimento/Front office, e nos Serviços Centrais quando não é possível assegurar o distanciamento de 2 m entre colaboradores”.
A CGD fala ainda do “reforço da limpeza e descontaminação/desinfeção diária das instalações do Edifício Sede e da Rede Comercial, e em especial, as zonas de maior risco de contaminação, como as de atendimento ao público, bem como a desinfeção por nebulização das zonas frequentadas por casos positivos primários e casos por contágio secundário da Covid-19”; e da “redução do número de colaboradores a prestar trabalho presencial e adotado o regime de trabalho remoto para todos os colaboradores cujas funções o permitissem, registando-se, desde meados de janeiro, valores médios de cerca de 42% (global) e 86% nos Serviços Centrais”. Lembra que “para tal, tem sido efetuado um substancial reforço, desde o ano passado, na disponibilização de acessos informáticos remotos e no aumento do número de computadores portáteis atribuídos a colaboradores (mais de 5000 computadores portáteis)”.
O banco refere ainda o acompanhamento das situações reportadas por uma equipa multidisciplinar e dos valores do trabalho à distância e ausências relacionadas com a Covid-19.
A Caixa responde assim à maior estrutura sindical do banco que acusa a maior instituição bancária nacional, de se “limitar à divulgação das regras da DGS e do Governo e depois ‘lavar daí as mãos’ quanto ao seu efetivo cumprimento”.
O STEC, a organização sindical mais representativa dos trabalhadores da CGD, com foco e génese exclusiva na empresa e respetivo Grupo, diz que “tem enviado sucessivas denuncias e complementos de ajuda à gestão, lamentavelmente descorados, e na prática, não têm tido resultados concretos”.
O sindicato diz na CGD se determina o incremento do teletrabalho e a rotatividade nas várias equipas de trabalho, “para depois o cumprimento desta medida ficar ao livre arbítrio das chefias intermédias”.
A Caixa, contactada pelo Jornal Económico, diz que “estranha a oportunidade do envio do comunicado, datado de 21 de janeiro, que acontece poucos dias depois da apresentação dos Resultados anuais relativos ao ano de 2020, e poucas horas depois de uma reunião de Quadros, inteiramente digital, que juntou, de forma pioneira, 4.500 colaboradores. Um momento único e de extrema relevância para o Banco, numa altura em que o foco é a união no combate à pandemia, que nos atinge a todos, clientes e colaboradores”.
O Ministro das Finanças, em entrevista ao Jornal De Negócios/Antena 1 este fim de semana, confirmou a intenção de Paulo Macedo liderar CGD no mandato 2021-2024.