CNN Portugal , FMC
Hoje às 12:09
Trabalhadores acusam a administração de pôr em causa a qualidade do serviço e de fomentar a deterioração do “único Banco Público do país”
A administração da Caixa Geral de Depósitos tenciona encerrar 23 agências, denunciou esta sexta-feira o Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC). Está previsto que o encerramento decorra ainda este mês e sobretudo nas cidades de Lisboa e Porto.
Em comunicado enviado aos órgão de comunicação, a estrutura sindical acusa a administração do banco público de após um “recente anúncio do vultuoso lucro de 486 milhões, no primeiro semestre de 2022, decidiu cortar ainda mais nos custos e encerrar mais 23 balcões, no decorrer do corrente do mês de agosto, com maior incidência nas regiões de Lisboa e Porto.”
O STEC indica que o único motivo possível para esta decisão é a “redução de despesas”, alertando para as consequências que terá na prestação de serviços. De acordo com o comunicado, nos últimos dez anos, a CGD já encerrou mais de 300 sucursais e diminuiu o número de trabalhadores em mais de 3300, o que tem condicionado a “resposta adequada ao serviço.”
Para o sindicato, isso representa a “entrega de ‘bandeja’ de negócio rentável e lucrativo aos Bancos Privados, perdendo-se com isto, centenas ou mesmo milhares, de Clientes particulares e empresariais.”
Na mesma nota, pode ler-se que o sindicato tem alertado e denunciado esta situação aos vários responsáveis políticos, bem como à própria administração do Banco, numa tentativa “de impedir a deterioração da capacidade da CGD”, que “como o único Banco Público que existe no país tem responsabilidades sociais e económicas.”
A organização sindical insta ainda o Estado a “definir orientações estratégicas que o banco deve assumir, nomeadamente as suas responsabilidades quanto ao interesse público e às necessidades das populações, assegurando-lhes um serviço de proximidade e de qualidade”, destacando que o Governo “não se pode demitir da sua responsabilidade no que respeita à coesão territorial” e “deixar ao livre-arbítrio de decisões de gestão” que são de caráter público.
“Não basta apregoar a defesa da CGD como Banco Público e receber as centenas de milhões de dividendos gerados pelo esforço dos seus trabalhadores, é fundamental que o Estado defina as orientações estratégicas que o banco deve assumir”, assinalam no documento.
No final de julho, o grupo CGD informou que, no primeiro semestre de 2022, somou 486 milhões de euros em lucros, o que representou uma subida de 65% face aos 294 milhões de euros registados em período homólogo.