Segunda-feira, 20 de Janeiro, 2025

NOtÍCIAS DE IMPRENSA

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“Trabalhar de casa é mau para o poder negocial dos trabalhadores”
VISÃO

Nuno Aguiar – Jornalista
Luís Barra – Repórter Fotográfico
16.07.2023 às 08h00

 

 

Numa conversa sobre salários, sindicatos e preços de táxis em Lisboa, a VISÃO entrevistou o Nobel da Economia sobre alguns dos temas que mais preocupam os especialistas em mercado de trabalho. David Card está otimista acerca do poder negocial dos trabalhadores, mas deixa avisos em relação ao teletrabalho

 

“Vivi o suficiente para já não ser o idiota que toda a gente disse que eu era”, brinca David Card. O homem que revolucionou a forma como olhamos para o salário mínimo identifica um ambiente político diferente – e mais tolerante – em relação a subidas do SMN. E, apesar do Nobel recebido em 2021, acha que a sua investigação teve pouco que ver com essa transformação. O economista esteve em Portugal para participar numa conferência sobre contratação coletiva, organizada pela Universidade de Lisboa, com alguns dos maiores peritos do mundo no tema. A VISÃO entrevistou-o entre sessões, numa conversa sobre muitos dos assuntos que preocupam os especialistas laborais – da perda de peso dos sindicatos aos desafios ao poder negocial dos trabalhadores.

 

Num momento em que os trabalhadores enfrentam perdas de poder de compra devido à inflação, esperaríamos que a contratação coletiva recebesse mais atenção. É isso que está a acontecer?
Pode haver outros fatores para além da inflação. Desde os anos 90, Portugal tem estado numa espécie de recessão de longo prazo. Atravessaram a Grande Recessão, mas já não estava a correr bem antes disso. Mesmo quando havia negociação coletiva, era por valores muito baixos. E muitas pessoas até defendiam a redução dos salários reais. Agora, finalmente, a economia está melhor e terá de haver movimentos nas remunerações. Nos EUA, também foi assim. Observou-se uma quebra ou estagnação dos salários reais entre quem ganhava menos e, nos últimos anos, eles finalmente cresceram mais rápido do que a inflação (ao contrário dos salários dos mais qualificados).

 

(…)

 

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