A CGD apresentou em 2024, lucros de 1735 milhões de euros, o maior lucro de sempre. Um valor que representa um aumento de 34% face a 2023 e que permitiu entregar 850 milhões de euros de dividendos ao Estado, valor que a somar aos 2,5 mil milhões entregues desde a recapitalização excede a injeção de capital em 2017.
Assistimos em paralelo ao anúncio de um conjunto de prémios, atribuídos por entidades (in)dependentes, recebidos pela CGD: Marca mais reputada de 2024 no setor financeiro; Líder empresarial mais reputado; Prémio Cinco Estrelas; Superbrand 2024, entre outros.
Se para a opinião pública, a CGD é vista como o expoente máximo do sucesso empresarial, com a apresentação sucessiva de lucros estonteantes e para o Governo é considerada uma autêntica “galinha dos ovos de ouro”, com a entrega anual de centenas de milhões de euros de lucro, o que pensam os trabalhadores que vivem e sentem a atividade e realidade interna da Empresa?
Para os seus trabalhadores, a CGD é a Empresa a quem tudo dão, e tudo não é suficiente. De forma obsessiva e insaciável, sempre se exige mais, com máxima contenção no pagamento que lhes é merecido, sem preocupação com as condições de trabalho, nem com as consequências físicas e psíquicas. |
A gestão da CGD:
- Não promove aumentos salariais justos, anuncia melhorias no sistema de avaliação e depois faz depender o pagamento de um prémio anual individual não do resultado total da avaliação, mas apenas à parte da avaliação subjetiva e arbitrária, aquela que apenas depende das hierarquias, sem fatores objetivos quantificáveis;
- Nos serviços centrais intensifica a externalização de serviços através do outsourcing, perdendo o know how existente, expondo ao exterior áreas relevantes da CGD e a que acresce pressão para a saída de trabalhadores da própria CGD. Esta prática promove a precaridade, piora de forma exponencial o serviço prestado ao cliente e compromete a empresa em medidas de segurança interna;
- Na rede comercial impõe ciclos de objetivos mensais, irrealistas e inatingíveis, para os quais os trabalhadores são lembrados a toda a hora, não tendo em conta o tipo de função de cada um, o volume de negócios da agência, o tipo de cliente ou a localização geográfica. Há uma grande pressão para cumprir os números, eleva-se a exposição ao risco operacional e consequentes sanções disciplinares, há uma grande desmotivação dos trabalhadores que logo à partida percebem não ter forma de os conseguir cumprir;
- Alicia a participação no “grande” dia da Caixa fora da Caixa, realizado num sábado Dia da Mulher, com a distribuição de vouchers que mesmo que merecidos pelos critérios subjacentes à atribuição só são recebidos se o trabalhador marcar presença até ao fim. Evento considerado para horas de formação, contabilizadas e pagas, contrastando com a não abertura de horas extraordinárias para realização de cursos de e-learning essenciais ao dia a dia do trabalhador;
- Anuncia valorizar e incentivar a formação académica dos trabalhadores, mas na prática não patrocina propinas nem atribui o subsídio de trabalhador-estudante nas graduações superiores a licenciatura nas áreas de interesse da Empresa.
Assim, por detrás da cortina dos lucros e das palavras de excelência, a CGD esconde um outro mundo, um mundo de sombras, sacrifícios, desespero e revolta, que tarda em ver o sol da justiça e do respeito por aqueles, trabalhadores e clientes, que são o garante do dia a dia da Empresa e do seu futuro…
São estas as boas práticas? É esta a excelência? Até quando?
A Direção